Meninas comportadas, modos atrevidos

H. Martins, adorei o seu texto. Você continua trabalhando as emoções femininas de forma bastante sensível e realista. Acho interessantíssimo como você coloca bem algumas características do povo da cidade, como a hipocrisia, a maledicência, a corrupção e a ignorância, o que acaba sendo, principalmente na sociedade em que estamos vivendo atualmente, uma vitrine do povo brasileiro, tão ignorante, que baseia decisões e opiniões (se é que as têm) em notícias falsas (as mais improváveis e absurdas) divulgadas na internet. É curiosíssimo como as mulheres podem, por qualquer mau passo, ser transferidas de categoria das imunes aos mexericos à das mulheres perdidas, alvos de toda a difamação possível, por parte de toda a cidade, ironicamente chamada de Felicidade do Norte. O léxico, como sempre, elegante, fluente e expressivo, faz da leitura algo extremamente agradável. Descrições muito bem-feitas e imagens super criativas fazem com que o texto, definitivamente, fuja do lugar-comum. Os personagens são todos, sem exceção, super bem construídos e a história de amor entre Samson e Lara é contada de forma delicada e muito bonita. Seu livro é realmente muito agradável e, embora as histórias pareçam leves, elas possuem uma boa dose de crítica social, feita, contudo, sem peso, o que não quer dizer, absolutamente, que não provoque reflexões no leitor. E essa é uma das características de uma boa literatura. Critica sem parecer um texto panfletário. O título é sensacional, porque marca muito bem a hipocrisia social. — Lúcia Facco